segunda-feira, 12 de março de 2012

Empresário reforma ônibus e transforma em boate itinerante.

A entrada custa R$ 25 para homens e R$ 20 para mulheres, mas bebidas são vendidas à parte

"Gente, que coisa engraçada! Isso aqui, como é que chama? É pole dance?", espantava-se a gerente comercial Patrícia Tostes, diante dos mastros involuntariamente incorporados do interior do ônibus. Na noite do último sábado, ela foi uma dos 40 passageiros que sacolejaram ao som de Michael Jackson e Supertramp e ao sabor das curvas do traçado de Belo Horizonte, no interior da Boate Itinerante.

O despretensioso empreendimento, que funciona sobre as rodas de um antigo ônibus comercial, movimenta mais de R$ 1,5 mil por noite, sacode a vida noturna dos sábados na cidade e chama a atenção por onde passa. Dos butecos da Praça Raul Soares aos restaurantes do Bairro de Lourdes, o pessoal acena. No volante, o empresário Rodrigo Ayres sorri e acena de volta, comemorando o sucesso da ideia que, inspirada em coletivos divertidos de outras partes do mundo, é novidade por aqui.



Nos próximos meses, o ônibus deve circular em outras noites da semana, para expandir o capital de giro da iniciativa. "Vamos fazer proposta mais intimista, colocar um cara com um violão e tal", indica Ayres, que atua há oito anos no mercado de transporte universitário e teve a ideia a partir de conversas com "os meninos da faculdade", justamente o público-alvo da novidade. Um dia, chegou com a notícia: "Financiei o ônibus". Paga os R$ 40 mil do veículo, agora, em 36 vezes. A Boate Itinerante sai aos sábados, às 22h30, da Rua Inconfidentes, na Savassi.

O filão das festas de aniversário inusitadas não demorou a querer passar a roleta: é possível comemorar mais um ano de vida no inusitado ambiente, que – é bom ressaltar – não é menor que os mais badalados inferninhos da noite belo-horizontina. O aniversariante não paga. Cada convidado custa R$ 20 – fica a cargo do cliente se ele vai bancar a diversão ou ratear as despesas entre os amigos que aceitarem o convite. A agente de intercâmbio Roberta Bonfim celebrava seus 40 anos no último sábado, quando o Estado de Minas encarou a aventura. "Especialmente para essa faixa etária faltam opções na noite de Belo Horizonte", reclamava.



A idéia foi aprovada pelos frequentadores (Juliana Flister/Esp.EM/D.A Press)
A idéia foi aprovada pelos frequentadores
"Toca música dos anos 1970!", pedia a turma. O DJ atendia. Como a ideia é nova, os passeios são praticamente personalizados para os grupos de, no máximo, 45 pessoas. Uma turma de emos (jovens que usam franjas longas e gostam de rock melódico) já está agendada para um dos próximos sábados. "O diferencial é justamente esse: como é um negócio simples, os passageiros baladeiros decidem tudo, da música que toca até o itinerário. Caso o aniversariante não complete a lotação, o ônibus pode pegar adeptos pelo meio do caminho.

Entrada

Antes da partida, um curioso, acompanhado da namorada, colocou a cabeça para dentro do veículo: "Quanto é pra entrar na bagaça?". Homens pagam R$ 25, mulheres, R$ 20. Isso só para sorrir. O bar, que só aceita dinheiro vivo, movimenta o restante do valor levantado a cada noite de balada itinerante – os tripulantes são todos amigos ou parentes do dono/ motorista, que, por enquanto, investem voluntariamente na proposta.


Os preços do cardápio de bebidas surpreendem, muitas vezes até 50% mais baratos do que os praticados nas casas noturnas tradicionais da Zona Sul da cidade. A dose de uísque ou tequila sai por R$ 8. Vodca, ice, energético e Big Apple, R$ 5, cerveja e refrigerante, R$ 3. O itinerário varia ao gosto dos fregueses, mas Ayres, de quepe prateado, no volante, garante que não ultrapassa os 30 km/h para evitar contratempos.

Reforma total


Quando decidiu tocar a empreitada, Ayres sabia que teria trabalho. Como também é dono de uma marcenaria, bancou a reforma do ônibus: deixou apenas oito bancos, liberando espaço para a pista de dança. Instalou as luzes, o sistema de som, a picape do DJ, o bar e o banheiro.

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